quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Partilha JMJ 2013 - por Paula Rolim

Paz no coração de todos!
Vamos conferir, na integra, o testemunho da nossa irmã de Belém, Paula Rolim, que assim como muitos Luquinhas paraenses estiveram na JMJ 2013.

Jornada Mundial da Juventude
23 a 28/07/2013 – Rio de Janeiro, RJ


“Não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido!” (At 4,20)
Dia 15 de julho, sem muita preparação espiritual, vindo direto do Jesus no Litoral em Ajuruteua e muitos afazeres correndo pela minha mente. Esse foi o cenário em que eu me encontrava quando viajei para a Jornada Mundial. Meu compromisso era ir rezando pelo caminho e pedindo a graça de um coração aberto para as bênçãos da jornada. Cheguei bem. Já sentia a alegria desde o aeroporto, a emoção de ver apenas os voluntários que apareciam de vários países e pensava no que ainda estaria por vir. Fui alocada no bairro de Bonsucesso no colégio Santa Mônica juntamente com 120 meninas, dessas, apenas eu e mais duas eram da região norte (Amapá e Rondônia).
A escola ainda estava em aulas e, portanto, como em toda jornada, tínhamos regras para cumprir, porém um pouco mais severas do que o normal. Como por exemplo, às 7h da manhã todas deveriam deixar a escola e só retornar entre 19h-22h. Havia cerca de seis chuveiros frios e sem divisórias e precisávamos acordar por volta de 4h30 pra podermos ter a chance do banho, dentre outras situações. A escola tinha uma infraestrutura maravilhosa e os funcionários estavam sempre dispostos a ajudar. Na minha mente, só me vinham as missões Marajó e Jesus no Litoral que participei e que me serviram de verdadeiras escolas. O que mais precisávamos naquele momento era do espírito de sacrifício e de oração, mas, por algum motivo, eu não conseguia vê-lo em nosso meio.
Cerca de dois dias depois fui acordada às 4h30 pelas meninas e descobri que deveríamos fazer as malas e nos mudar, todas tinham que estar fora da escola antes das 7h. Não entendi o porquê mas logo percebi que a coordenação de hospedagem e todo o staff estavam atentos às nossas dificuldades e fizeram o melhor para que fôssemos bem acolhidas. Saímos em direção ao Colégio da Providência, no bairro das Laranjeiras e depois surpreendidas por mais uma mudança, dessa vez para o colégio Notre Dame no bairro de Ipanema, um dos colégios mais tradicionais e bem equipados do RJ.
Deus realmente foi muito bom conosco nos providenciando o melhor. Aos poucos estávamos formando um grupo de meninas que criavam um laço de afinidade muito forte e que havia sido planejado por Deus para reavivar aquilo que, talvez, estava perdido. Em meio a algumas conversas, em uma das noites, juntamos um grupo de cinco e fizemos uma reflexão do evangelho que aos poucos foi se tornando um verdadeiro grupo de oração dentro do nosso próprio alojamento. Esse também era um momento muito forte de partilha e aprendizagem sobre nós mesmos. Deus nos mostrou o quanto tínhamos em comum e como ele nos tocou diante de todas as provações e nos recompensando com o novo alojamento. Agradecemos tanto e percebemos que foi necessária toda a dificuldade pra que pudéssemos valorizar aquilo que temos. Nossos treinamentos iam acontecendo e íamos participando das atividades e nos fortalecendo na oração todos os dias. Mas a jornada ainda não tinha começado.

Todas nós estávamos alocadas para a distribuição de kits no Sambódromo. Já no treinamento prático, mudei de função e estávamos avisadas que mudaríamos sempre que fosse necessário, pois de todos os voluntários selecionados, apenas uma terça parte estava presente e precisaríamos nos doar ainda mais para que a jornada acontecesse.
Minha função agora era a de dar informações dos pacotes para os novos inscritos. Eu e todas as meninas tínhamos contato direto com os peregrinos e abordando-os nas filas era possível ler o testemunho de vida em cada olhar. Ouvimos suas historias, dúvidas, comparações com outras jornadas, elogios, sugestões... Peregrinos que ainda não tinham onde se hospedar no Rio, peregrinos que haviam sido enganados pelo coordenador do grupo e não estavam inscritos na jornada, peregrinos que estavam horas sem comer na fila, embaixo do sol ou da chuva, mas que ainda tinham a alegria de puxar um terço ou um louvor contagiante, peregrinos de países como Coréia do Sul e Paquistão, das mais variadas culturas e idiomas, estavam todos ali e muitas eram as situações.  Intercedendo por todos estavam os voluntários que iniciavam e terminavam seu turno com uma oração e como verdadeiros voluntários do amor levávamos a alegria em servir os peregrinos e ajudá-los neste momento tão significativo para nós como Igreja.

E isso era muito importante pra nós. Nossa missão também era lembrar que estávamos ali por amor e que, para os peregrinos, éramos a cara da jornada. O Espírito Santo nos movia na missão de estar todos os dias cerca de 10-12 horas em pé, ouvir os desabafos de um lado e, muitas vezes, oferecer o outro lado, e ainda dar o nosso algo mais sempre. Fazia parte da missão ficar rouco, perder a programação favorita na JMJ, silenciar assim como Maria durante as adversidades, não ter tempo pra almoçar durante a semana... Mas esses foram apenas detalhes muito pequenos diante da graça que recebemos.
O movimento na cidade já estava intenso. Percebi isso ao ver o mar de pessoas lotando o metrô em direção à Catedral para a acolhida do nosso pastor. Mar de pessoas cantando, louvando e indo na mesma direção. Pessoas dos quatro cantos do mundo e uma só unidade. Uma só igreja.  E a Igreja cantava em todas as línguas e com todo o fervor de uma juventude revolucionária.
Nesse momento, já estávamos no local da passagem e acolhida do papa como todos os outros peregrinos, bem na Avenida Almirante Barroso próximo à Catedral. Como sempre, estávamos nos lugares menos privilegiados, mas nos esforçávamos ao máximo nas pontas dos pés para ver o sorriso do Papa Francisco de perto. Havia muita gente de todas as idades, muitas crianças e pessoas idosas, mas a maioria eram os jovens. As pessoas eram mais altas que nós, e já estávamos conformadas que seria difícil vê-lo quando passaram voluntários perguntando se haviam outros voluntários no meio dessas pessoas e que a ajuda deles era necessária para o cordão de isolamento que protegeria o papa naquele momento. As meninas e eu vibramos e puxamos a camisa com o crachá e fomos para o meio da pista obedecendo às instruções que estavam dando. Depois de toda a euforia a ficha foi caindo e já podíamos sentir a paz através das Ave-Marias que os peregrinos iam rezando. Do cordão de isolamento, eu estava fazendo amizade com um grupo de peregrinos de Natal e entregado minha câmera pra que pudessem registrar o momento por mim. Tudo estava tão intenso, tão maravilhoso.
Foi aí que, de repente, vimos os carros anunciando a vinda do papa pela avenida. A sensação foi de esperança de algo muito bom. De um jeito muito carinhoso e, como esperávamos, o papa móvel estava aberto e sentíamos as bênçãos de Francisco sendo derramada tão perto. A cor branca transmitia aquela paz que havia sentido antes e o sorriso e o carinho transmitido por ele parecia mais a do próprio Cristo entre nós. Fui abençoada ali mesmo. A menos de dois metros de distância, pra quem despretensiosamente imaginava chegar tão perto.

Esse era só o começo e pra mim já tinha valido a pena. A noite, no alojamento, cada menina tinha uma emoção diferente e compartilhava com as outras sua experiência durante o dia. A semana foi passando e percebi que o meu momento com o papa havia sido ali no primeiro dia. Dentre todas as experiências e bênçãos que já tive na minha vida, nunca havia sentido algo tão forte, não somente pela figura do papa tão próximo de nós mas também pela energia do povo que se movia. Eu sentia na pele a igreja viva, especialmente na eucaristia.  Outro momento muito forte de comunhão que senti, mesmo com as adversidades do local onde eu estava, foi durante a peregrinação, que mais me lembrava o Círio de Nossa Senhora Nazaré em Belém, seguida da vigília que fiz questão de revivê-la pela internet assim que cheguei em casa.
Depois de toda essa experiência, percebi que Deus foi, de fato, me modelando ao longo da jornada. Da forma como eu havia pedido a Ele. No final, pude perceber que cada momento, principalmente aqueles desafiantes, nos levava à um propósito maior que Deus vinha instalando em nossos corações. A intensidade do que vivíamos nos trouxe para ricas lições de vida. Nem mesmo as amizades que construímos foram efêmeras, pois foram edificadas na rocha. E nesse alicerce confiado por Deus a Pedro é que posso dizer que me torno uma nova pessoa depois da jornada. Obrigada, Papa Francisco!! Eu te amo!!
Para finalizar, esse trecho de música que muito reflete a alegria de tê-lo bem perto durante a jornada:
“O amor de Deus te move. Peregrino Incansável. Rocha eterna. Cristo entre nós!”



Paula Rolim
GOU Tempo da Graça - Faci - Belém

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