Paz no coração de todos!
Vamos conferir, na integra, o testemunho da nossa irmã de Belém, Paula Rolim, que assim como muitos Luquinhas paraenses estiveram na JMJ 2013.
Jornada Mundial da Juventude
23 a 28/07/2013 – Rio de Janeiro, RJ
“Não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido!”
(At 4,20)
Dia 15 de julho, sem
muita preparação espiritual, vindo direto do Jesus no Litoral em Ajuruteua e
muitos afazeres correndo pela minha mente. Esse foi o cenário em que eu me
encontrava quando viajei para a Jornada Mundial. Meu compromisso era ir rezando
pelo caminho e pedindo a graça de um coração aberto para as bênçãos da jornada.
Cheguei bem. Já sentia a alegria desde o aeroporto, a emoção de ver apenas os
voluntários que apareciam de vários países e pensava no que ainda estaria por
vir. Fui alocada no bairro de Bonsucesso no colégio Santa Mônica juntamente com
120 meninas, dessas, apenas eu e mais duas eram da região norte (Amapá e
Rondônia).

Cerca de dois dias
depois fui acordada às 4h30 pelas meninas e descobri que deveríamos fazer as
malas e nos mudar, todas tinham que estar fora da escola antes das 7h. Não
entendi o porquê mas logo percebi que a coordenação de hospedagem e todo o
staff estavam atentos às nossas dificuldades e fizeram o melhor para que
fôssemos bem acolhidas. Saímos em direção ao Colégio da Providência, no bairro
das Laranjeiras e depois surpreendidas por mais uma mudança, dessa vez para o
colégio Notre Dame no bairro de Ipanema, um dos colégios mais tradicionais e
bem equipados do RJ.
Deus realmente foi muito
bom conosco nos providenciando o melhor. Aos poucos estávamos formando um grupo
de meninas que criavam um laço de afinidade muito forte e que havia sido
planejado por Deus para reavivar aquilo que, talvez, estava perdido. Em meio a
algumas conversas, em uma das noites, juntamos um grupo de cinco e fizemos uma
reflexão do evangelho que aos poucos foi se tornando um verdadeiro grupo de
oração dentro do nosso próprio alojamento. Esse também era um momento muito
forte de partilha e aprendizagem sobre nós mesmos. Deus nos mostrou o quanto
tínhamos em comum e como ele nos tocou diante de todas as provações e nos
recompensando com o novo alojamento. Agradecemos tanto e percebemos que foi
necessária toda a dificuldade pra que pudéssemos valorizar aquilo que temos.
Nossos treinamentos iam acontecendo e íamos participando das atividades e nos
fortalecendo na oração todos os dias. Mas a jornada ainda não tinha começado.
Todas nós estávamos
alocadas para a distribuição de kits no Sambódromo. Já no treinamento prático,
mudei de função e estávamos avisadas que mudaríamos sempre que fosse
necessário, pois de todos os voluntários selecionados, apenas uma terça parte
estava presente e precisaríamos nos doar ainda mais para que a jornada
acontecesse.
Minha função agora era a
de dar informações dos pacotes para os novos inscritos. Eu e todas as meninas
tínhamos contato direto com os peregrinos e abordando-os nas filas era possível
ler o testemunho de vida em cada olhar. Ouvimos suas historias, dúvidas,
comparações com outras jornadas, elogios, sugestões... Peregrinos que ainda não
tinham onde se hospedar no Rio, peregrinos que haviam sido enganados pelo
coordenador do grupo e não estavam inscritos na jornada, peregrinos que estavam
horas sem comer na fila, embaixo do sol ou da chuva, mas que ainda tinham a
alegria de puxar um terço ou um louvor contagiante, peregrinos de países como Coréia
do Sul e Paquistão, das mais variadas culturas e idiomas, estavam todos ali e
muitas eram as situações. Intercedendo por todos estavam os voluntários
que iniciavam e terminavam seu turno com uma oração e como verdadeiros
voluntários do amor levávamos a alegria em servir os peregrinos e ajudá-los
neste momento tão significativo para nós como Igreja.

E isso era muito
importante pra nós. Nossa missão também era lembrar que estávamos ali por amor
e que, para os peregrinos, éramos a cara da jornada. O Espírito Santo nos movia
na missão de estar todos os dias cerca de 10-12 horas em pé, ouvir os desabafos
de um lado e, muitas vezes, oferecer o outro lado, e ainda dar o nosso algo
mais sempre. Fazia parte da missão ficar rouco, perder a programação favorita
na JMJ, silenciar assim como Maria durante as adversidades, não ter tempo pra
almoçar durante a semana... Mas esses foram apenas detalhes muito pequenos
diante da graça que recebemos.
O movimento na cidade já
estava intenso. Percebi isso ao ver o mar de pessoas lotando o metrô em direção
à Catedral para a acolhida do nosso pastor. Mar de pessoas cantando, louvando e
indo na mesma direção. Pessoas dos quatro cantos do mundo e uma só unidade. Uma
só igreja. E a Igreja cantava em todas as línguas e com todo o fervor de
uma juventude revolucionária.
Nesse momento, já
estávamos no local da passagem e acolhida do papa como todos os outros
peregrinos, bem na Avenida Almirante Barroso próximo à Catedral. Como sempre,
estávamos nos lugares menos privilegiados, mas nos esforçávamos ao máximo nas
pontas dos pés para ver o sorriso do Papa Francisco de perto. Havia muita gente
de todas as idades, muitas crianças e pessoas idosas, mas a maioria eram os jovens.
As pessoas eram mais altas que nós, e já estávamos conformadas que seria
difícil vê-lo quando passaram voluntários perguntando se haviam outros
voluntários no meio dessas pessoas e que a ajuda deles era necessária para o
cordão de isolamento que protegeria o papa naquele momento. As meninas e eu
vibramos e puxamos a camisa com o crachá e fomos para o meio da pista
obedecendo às instruções que estavam dando. Depois de toda a euforia a ficha
foi caindo e já podíamos sentir a paz através das Ave-Marias que os peregrinos
iam rezando. Do cordão de isolamento, eu estava fazendo amizade com um grupo de
peregrinos de Natal e entregado minha câmera pra que pudessem registrar o
momento por mim. Tudo estava tão intenso, tão maravilhoso.
Foi aí que, de repente,
vimos os carros anunciando a vinda do papa pela avenida. A sensação foi de
esperança de algo muito bom. De um jeito muito carinhoso e, como esperávamos, o
papa móvel estava aberto e sentíamos as bênçãos de Francisco sendo derramada
tão perto. A cor branca transmitia aquela paz que havia sentido antes e o
sorriso e o carinho transmitido por ele parecia mais a do próprio Cristo entre
nós. Fui abençoada ali mesmo. A menos de dois metros de distância, pra quem
despretensiosamente imaginava chegar tão perto.

Esse era só o começo e
pra mim já tinha valido a pena. A noite, no alojamento, cada menina tinha uma
emoção diferente e compartilhava com as outras sua experiência durante o dia. A
semana foi passando e percebi que o meu momento com o papa havia sido ali no primeiro
dia. Dentre todas as experiências e bênçãos que já tive na minha vida, nunca
havia sentido algo tão forte, não somente pela figura do papa tão próximo de
nós mas também pela energia do povo que se movia. Eu sentia na pele a igreja
viva, especialmente na eucaristia. Outro momento muito forte de comunhão
que senti, mesmo com as adversidades do local onde eu estava, foi durante a
peregrinação, que mais me lembrava o Círio de Nossa Senhora Nazaré em Belém,
seguida da vigília que fiz questão de revivê-la pela internet assim que cheguei
em casa.
Depois de toda essa
experiência, percebi que Deus foi, de fato, me modelando ao longo da jornada.
Da forma como eu havia pedido a Ele. No final, pude perceber que cada momento,
principalmente aqueles desafiantes, nos levava à um propósito maior que Deus
vinha instalando em nossos corações. A intensidade do que vivíamos nos trouxe
para ricas lições de vida. Nem mesmo as amizades que construímos foram
efêmeras, pois foram edificadas na rocha. E nesse alicerce confiado por Deus a
Pedro é que posso dizer que me torno uma nova pessoa depois da jornada.
Obrigada, Papa Francisco!! Eu te amo!!
Para finalizar, esse
trecho de música que muito reflete a alegria de tê-lo bem perto durante a
jornada:
“O amor
de Deus te move. Peregrino Incansável. Rocha eterna. Cristo entre nós!”
Paula Rolim
GOU Tempo da Graça - Faci - Belém